terça-feira, 17 de fevereiro de 2009









o baloiço da árvore perfeita


um dia assim
[nem mais nem menos]
perdido nos pés do pensamento
deixei-me cair no campo vazio e aconchegado de silêncio
e fiquei a encontrar-me nas nuvens

dei por mim a pensar qual seria a árvore perfeita para o meu baloiço
a dos sábios para que me balançasse no conhecimento?
ou a das frutas encantadas, para que em cada uma, descobrisse o sonho?
talvez a do círculo sagrado, ou a agarra-céus, a espalha-sombras, a acolhe-sol ou uma beija-árvore? ou uma daquelas de folhas que adivinham a sombra?
uma árvore matriarca ou patriarca?
ou talvez uma que captasse as ondas de rádio do mais ínfimo segredo?
uma que nunca desse para alcançar com as mãos?
uma que fossem muitas?
uma árvore-poeta? uma que dançasse com o rio?
uma que morasse na floresta mágica ou que fosse comilona de ruídos?
uma que fosse habitada de estranhos seres?
uma oca e tenebrosa de sentido?
uma contorcionista? uma tímida?
uma maior que a vista do horizonte?
uma árvore-das-relações-humanas?
uma das mil-cores?

[...]

e foi então que do céu caiu uma folha bailando com o destino vindo ronronar no meu peito qual papagaio de papel
poisei-a na erva, vi-lhe o mundo e soube imediatamente a resposta
a árvore perfeita para o meu baloiço
é aquela que tem ao lado o meu amigo.

Nenhum comentário: